Projeto “Em Cena Pela Vida das Lagoas” entra em fase de gravação
08 de julho de 2025As câmeras já estão em movimento. Começaram as gravações dos dois curta metragens criados pelos estudantes participantes do projeto Em Cena Pela Vida das Lagoas – Edição Cinema, projeto de educação ambiental conduzido pela Iguá como parte das ações do movimento Juntos pela vida das lagoas.
Fruto de um processo formativo que uniu linguagem cinematográfica, educação ambiental e vivências territoriais, os filmes estão sendo realizados por adolescentes da escola pública CAIC Euclides da Cunha, localizada na comunidade Rio das Pedras. Os próprios estudantes assinam roteiro, pré-produção, produção, operação de câmera, som e direção, com acompanhamento pedagógico da equipe do projeto.
As obras seguem caminhos distintos: um dos filmes é documental, voltado ao registro da memória, cultura e identidade local, enquanto o outro é uma ficção, onde os participantes criaram personagens, cenas e enredos inspirados em problemas reais da comunidade.
Preservar a memória com a lente do documentário
O documentário mergulha nas histórias e tradições de Rio das Pedras, bairro marcado pela forte presença de famílias nordestinas — uma identidade que, aos poucos, vem sendo apagada ou diluída pelas transformações urbanas e comerciais da região.
Em suas entrevistas com moradores antigos e personalidades locais, os jovens documentaristas buscam resgatar essa memória: feiras, ofícios, sotaques, hábitos e valores que construíram a cultura do lugar. Ao mesmo tempo, o curta conecta essas questões à dimensão ambiental, revelando como a história do território está entrelaçada às margens do rio e da lagoa e às mudanças em seu entorno.
Registrar esses relatos é, também, um gesto de resistência e preservação da identidade coletiva.
Criar soluções com liberdade poética
Já o curta metragem de ficção aposta na força da criatividade para tratar dos desafios enfrentados pela juventude local. Inspirados por temas reais — como o lixo nas ruas, a violência, a escassez de áreas verdes ou a invisibilidade dos jovens — os estudantes criaram um roteiro original que reinventa esses conflitos em forma de arte.
Por meio de personagens fictícios e fantásticos, metáforas visuais e escolhas estéticas próprias, o curta transforma a dura realidade em narrativa cinematográfica, propondo soluções simbólicas, críticas e, muitas vezes, poéticas.
A ficção, neste contexto, torna-se uma ferramenta de expressão, reflexão e reconstrução do imaginário sobre o território, suas dores, suas responsabilidades e suas potências.
A vida das lagoas, agora em cena
As gravações ocorrem em diferentes pontos de Rio das Pedras e do Complexo Lagunar da Barra e Jacarepaguá, incluindo ruas, margens do manguezal, lagoa, espaços públicos e até no canteiro das obras de dragagem. Todo o processo reforça o compromisso do movimento Juntos Pela Vida das Lagoas com o protagonismo juvenil, a valorização do território e a educação ambiental criativa e verdadeiramente transformadora.
Os dois curtas serão finalizados nas próximas semanas e exibidos em uma mostra pública, o Cineclube. Também irão circular em festivais e plataformas digitais desenvolvidas pelos próprios participantes.