Obras de dragagem são destaque no RJ1
04 de fevereiro de 2025A beleza do lugar em que a garça descansa esconde um problema ambiental. A água é esverdeada porque está cheia de cianobactérias, um tipo de microrganismo que cresce na poluição.
Essa é a Lagoa do Camorim, uma das lagoas da região da barra da tijuca. Por aqui foram quase 60 anos de descaso. Ocupação sem controle e esgoto descartado irregularmente. Despoluir esse complexo lagunar era uma promessa das Olímpiadas de 2016, que não saiu do papel.
Mas há nove meses, a esperança de mudar essa paisagem foi renovada. Em abril do ano passado, a Iguá, a concessionária de saneamento da região, começou o trabalho de despoluição das Lagoas.
Até agora as equipes da concessionária já retiraram 230 toneladas de lixo e 500 mil toneladas de sujeira do fundo da lagoa, o equivalente a 160 piscinas olímpicas.
“O trabalho está se concentrando agora aqui na Lagoa da Tijuca, que é a principal ligação do complexo lagunar da Barra e de Jacarepaguá com o mar e onde há mais lixo e sujeira. Essas máquinas são tipo retroescavadeiras flutuantes retiram os sedimentos do fundo nessas embarcações, que são os batelões, para retirar a sujeira daqui.”
É um trabalho cuidadoso que precisa ser feito devagar. A previsão da igual é retirar 2,3 milhões m³ de sedimentos do fundo das Lagoas. Até agora só 20% desse material foram retirados. A recuperação das Lagoas da Barra e de Jacarepaguá é uma exigência do contrato de concessão, que também incluem ampliar o tratamento de esgoto na região, para evitar que ele seja despejado diretamente nos bueiros nas ruas nos rios e chegue às lagoas.
“Hoje nós já temos é 27 pontos implantados. Eles já vão totalizar quase 50% do que é despejado no Complexo Lagunar. Nós temos 5 anos a partir do contrato de concessão para cumprir essa obrigação”, explica Lucas Arrosti, diretor de Operações da Iguá Rio.
A dragagem das lagoas está prevista para terminar em 2027, mas a concessionária avalia que vai ser preciso um pouco mais de tempo para perceber o resultado mais efetivo a despoluição. “Essas ações que a concessionária está a executando, elas têm uma expectativa de efeito pra médio e longo prazo. Então, estamos falando ali de 2030 para frente”, conclui Arrosti.
A natureza parece já reconheceu o esforço. Pássaros que nunca tinham voado por essas bandas apareceram pela primeira vez. O lugar que as garças escolheram como ninhal também pode ser um sinal da recuperação. O projeto prevê fazer áreas de mangue e criar outras. O mangue ajuda a segurar inundações, contém o avanço do lixo serve de abrigo e área de alimentação para muitos animais. “Com a recuperação dos manguezais, isso daqui vai se tornar o principal centro de ecoturismo da cidade do Rio de Janeiro”, afirma o biólogo Mario Moscatelli.
Para isso acontecer, é preciso ir além das lagoas. Em pouco mais de 2 horas que navegamos por aqui, encontramos muito lixo. Sacolas, todo tipo de plástico, móveis, vários sofás por exemplo. Lixo que veio parar aqui mesmo depois que essa área já tinha sido limpa. “As pessoas têm que entender que se elas não colaborarem o mínimo. O estado, o município fazem a sua parte, a concessionária faz a sua parte, mas o indivíduo e o coletivo da sociedade precisam. Nós estamos vivendo um momento dramático não só no Rio de Janeiro como no planeta inteiro. Ou a gente toma a vergonha na cara ou vamos sucumbir”, finaliza Moscatelli.
Confira a matéria na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=AQi1JEfKPkw